No ano de 2013 me formei em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda), e também já tinha trabalhado três anos numa operadora de telefonia móvel, passando por diversos setores. Por que isso é importante? Isso é importante por ser um dos motivos que me levaram à Brasília (BSB) pela primeira vez.
Em 2014 a Anatel abriu concurso público para alguns cargos. Adivinha só, ANATEL é a Agencia Nacional de Telecomunicações, lembra quem tinha acabado de se formar em comunicação social e tinha experiência em telecomunicação móvel? Isso mesmo, eu! Fiz minha inscrição, paguei olhei o edital etc. Só depois de ter feito todo o procedimento notei que a prova seria aplicada na capital federal, ai eu pensei “fodeu”. But… não entrei em pânico, fiz as contas, olhei o calendário e tratei de verificar as datas promocionais ( sim fazendo isso você economiza muito, talvez milhares de reais, em suas viagens ). Compre minha passagem aérea por menos de 150, como ia pra um lugar novo e faria a prova dos meus sonhos decidi que chegaria lá um dia antes e voltaria um dia depois, ou seja, estadia de três dias em bsb. Pesquisei algum hostel que ficasse numa localização interessante, preço muito baixo, fosse bonito e que incluísse alguma vantagem. Sempre que digo isso as pessoas não acreditam, mas paguei 50 por diária, com café, itens de banho incluindo toalhas limpinhas todo dia, numa acomodação super bacana. Fui.
Quando cheguei lá já fiquei chocado, pois quem nunca foi à Brasília tem uma ideia totalmente errada sobre nossa capital federal, assim como eu tinha. Por alguma razão sempre imaginei Brasília como a casa dos políticos, que pra todo canto que eu olhasse seria aquele povo de social engravatado e chato falando em português difícil. Ou que tudo seria uma espécie de réplica da explanada dos ministérios e tal. Porém quando vi como realmente a cidade era, juro pra você, peguei o celular ativei o gps e conferi onde era que eu estava, pra ter certeza de que ainda era no Brasil. As ruas bem largas, limpas, calçadas avantajadas, tudo organizado, com arborização, gente educada e para delírio desse paulista NÃO HAVIA MUVUCA NEM TUMULTO EM CANTO ALGUM.
A Parte difícil quando se trata de Brasília, sem dúvida são os endereços, pois parecem códigos indecifráveis. No começo você vai estranhar muito, mas depois que você entende como funciona passa a amar, pois são à prova de erro. A cidade realmente tem o formato de um avião,
por isso tem asas, a Asa Norte e a Asa Sul. Isso é bem simples de entender, já que São Paulo tem Zonas (Norte, Leste, Oeste, Sul e Centro), e Guarulhos minha cidade tem regiões enumeradas. As asas são divididas ao meio e em cada banda existem faixas subdivididas em quadrantes. Cada banda tem uma posição, sendo uma banda par e outra ímpar, cada faixa dessas bandas tem sua numeração de 1 à 9 (se não me engano), a banda par tem faixas em números pares, a outra é a ímpar. Obvio. Os quadrantes são as quadras, cada quadra tem uma letra (toda a coluna de quadras recebe a mesma letra), então os endereços acabam funcionando como uma planilha. Exemplos de endereços “SQS 107” ( fiz minha prova lá), ou “SLS 111”,
como eu disse, no começo é estranho, mas depois você entende, e só dá pra entender indo lá. É claro que não é só isso, estou resumindo.
Em todas as quadras por onde passei pude encontrar uma espécie de poste informativo, nele constava um mapa indicando minha localização, parece realmente coisa de outro país. Fiquei hospedado na parte que chamam de SHINGS (não sei motivo), a cidade é quase toda feita de prédios horizontais, condomínios, mas nas Shings é diferente, são casas. E acredite é a coisa mais linda! Parece aquelas cidades dos filmes da Sessão da Tarde. Vou tentar explicar o que vi, peguei um ônibus que me deixou na avenida W3, uma espécie de avenida principal, lá os carros podem andar em velocidade razoavelmente alta. Mas quando vão entrar nas quadras a coisa muda (cada quadra tem um conjunto de quarteirões, como se as quadras fossem o equivalente de bairro), os motoristas precisam ir até o fim, na intersecção de uma quadra com a outra, então ele pode entrar, reduzindo a velocidade, vai até o final, e só então virar novamente e acessar as ruas internas em baixa velocidade. Totalmente inacreditável para quem vive em SP. Os carros entram nas garagens, ok, achei que ali era a frente das casas, mas estava errado. Depois de entrar na casa você atravessa tudo e lá do outro lado tem outro portão que saí em outra rua, mas sem asfalto, lá é uma espécie de bosque, com arvores, grama, vista para todas as casas.
É tão diferente que tenho realmente séria dificuldade de explicar.
As regras de transito são mais aplicadas, e os motoristas são mais respeitosos. Saí para comprar canetas, como bom PAULISTA fui até a calçada e comecei olhar o que tinha ao redor para me localizar bem e tentar identificar onde eu poderia ir. Enfatizei “paulista”, porque sempre achamos que somos os bambambans, por sermos ótimos em localização, só que… quase morri de vergonha pelo que fiz em seguida. Em pouco tempo ali na calçada notei uma fila de carros se formando a minha esquerda, o mesmo aconteceu do outro lado, fiquei sem entender. Até que um homem se aproximou e perguntou o seguinte “Moço, você não vai atravessar?”. Todos os carros pararam pelo fato de que um pedestre estava na beirada da calçada, fiquei tão sem graça que me senti obrigado a fazer a travessia mesmo sem querer.
Ficou muito claro pra mim a diferença que faz ter uma população bem escolarizada, bem instruída e que de fato é isso que falta em nossas cidades.
Muito bem, fiz a prova. Depois saí com uma galera pra comemorar. E a cada passo novas surpresas. Ao caminhar por entre as quadras era possível encontrar bosques, praças, igrejas, teatros, barzinhos, gente caminhando, arvores frutíferas. Acho que precisaria de um mês para conseguir absorver tanto choque cultural. Paramos num barzinho super bacana, tomamos algumas cervejas. E o mais interessante era que cada um ali tinha vindo de um canto do país, um gaúcho e um catarinense, ambos bem gente fina. Outro paulista do interior do Estado, uma potiguar, uma cearense e os demais não me recordo. Mas é importante saber que eram pessoas de diferentes locais pois nem sempre damo-nos conta de quão fechados estamos. Disse a eles que achei Brasília um tanto pequena, esperava algo mais impressionante do ponto de vista vertical, era tudo lindo mas pequeno. Então o gaúcho me deu um chá de realidade dizendo “Você é paulista, não dá pra ninguém de outro Estado impressionar vocês, tudo é pequeno comparado com SP”. Tentei reagir falando que as cidades do interior de SP são avantajadas etc. Novamente o gaúcho me trouxe para o chão dizendo “Se toque SP não tem interior, as cidades pequenas de vocês tem 100mil habitantes, isso não é pequeno!”. E minha fixa caiu igual um meteoro.
Sou andarilho, e por sorte os outros caras também eram então fomos ao centro, passamos pelo Eixo-Monumental, fizemos toda a esplanada, vimos a linda Capela que parece uma cebola engessada (sorry), o Itamaraty, o STF, o Palácio do Planalto, torre de TV. Confesso que a rodoviária é um pouco deprimente, mas foi apenas um item negativo que encontrei.
Em resumo, a cidade é limpa, organizada, tem uma arquitetura incrível. Muito fácil se localizar lá. O nível de educação é inaudito, não tem a barulheira absurda da Grande São Paulo. Visitei os Shoppings (é claro), tem um que não me lembro o nome, mas o prédio tem formato de arco com uma bola no topo, entrei pois estava louco para apreciar a vista, e novamente uma surpresa, somente o primeiro andar era verdadeiramente um Shopping, o resto eram salas comerciais. Visitei outros para verificar se isso era uma constnte e realmente, ao contrário do padrão paulista de usar todo o espaço para o Shopping, em BSB geralmente áreas comerciais tomam as partes superiores deixando apenas as partes inferiores para os passeios urbanos. Claro que isso não é nenhum demérito, apenas modos diferentes de fazer os centros de compra.
Obs: Aéreo (ida e volta), Hospedagem de três dias, Passeios todos os dias, visita aos pontos turísticos, refeição. Tudo por menos de R$ 500,00
Se amei BSB? Acho que deu pra perceber que sim né.
E sim, curto viajar gastando o mínimo possível.